AÇORIANO ORIENTAL
DOMINGO 7 DE JULHO DE 2002

«Recuperar e manter vivo o património, de mãos dadas com a investigação científica»

SANDRA PACHECO

AÇORIANO ORIENTAL

 

Numa altura em que são poucos os estudos feitos sobre os cetáceos nos Açores, avança o projecto Futurismo Whale Watching, de Ruben Rodrigues, na ilha de S.Miguel.

Um projecto que de certa forma completa duas paixões— pelo mar e pela investigação científica.

Ruben Rodrigues explica que «avançámos em 1994, com o Projecto de Observação de Baleias. No primeiro ano, utilizámos o barco à vela que tínhamos, no segundo ano, passámos a utilizar alguns semi-rígidos e contámos com o apoio do Programa Leader, que percebeu a validade e o potencial deste projecto que visava sobretudo dinamizar uma área da ilha de S. Miguel, costa norte da ilha, Capelas, aproveitando a antiga fábrica da baleia que existe ali, a fim de recuperá-la e instalar ali um projecto que fosse diferente do que já está montado no Pico».

Mais, «queríamos recuperar um dos edificios para manter um Museu com os equipamentos que ali existem, tais como os autoclaves, onde se derretia a gordura do cachalote». Segundo Rodrigues «é perfeitamente possível recuperar essa unidade para Museu, que de certa forma, deu uma imagem daquilo que era a actividade baleeira na Ilha de S. Miguel», disse.

Através do mesmo «poderíamos recuperar e manter vivo de certa forma o património cultural e patrimonial, mas, pretendíamos ter ao mesmo tempo, uma outra visão das coisas».Isto é, « não pretendíamos ficar presos ao passado» mas sim, «gostaríamos de olhar o futuro que passa pela investigação científica sobre os cachalotes e os cetáceos, porque existem poucos estudos sobre os cetáceos nos Açores», explicou.

O Projecto Futurismo Whale Watching arrancou em 1994, e a verdade é que já são muitos os adeptos deste tipo de actividades náuticas. Ruben Rodrigues adianta que «já se nota que há de facto turistas que se deslocam a S. Miguel durante uma semana ou mais, fazem as visitas tradicionais às lagoas, passeios a pé, e já têm mais disponibilidade de usufruirem doutras actividades nomeadamente as náuticas. Estas últimas nunca tiveram muita procura na ilha».

Apar da indisponibilidade dos locais e dos turistas, uma outra ainda mais importante, a das entidades governamentais, neste caso específico, a desconfiança do Departamento de Oceanografia e Pescas. A este propósito Ruben Rodrigues adianta que «têm-se vindo a fazer alguma coisa mas ainda é muito pouco, conhece-se muito pouco dos hábitos do cachalote, golfinhos,acho que era necessário para fins de investigação científica fazer-se mais», adiantou. «Também ainda não foi possível pôr de pé essa unidade de investigação científica, faltou a cooperação do Departamento de Oceanografia e Pescas, eles nunca viram muito bem a possibilidade de coordenarem essa unidade científica aqui em São Miguel a partir da Horta» disse. Mais ainda, «este projecto foi olhado com desconfiança, poderia ser o princípio para a tal famigerada deslocação do DOP, da Horta para S. Miguel, enfim uma série de preconceitos que ainda existem, e por vezes sem fundamento.

PONTOS

• Futurismo

Um projecto que apesar dejovem, já tem grande número de adeptos em São Miguel

• Whale Watching

Mais que um passeio de mar, uma oportunidade de observar o comportamento dos cetáceos

• Turistas

Sobretudo os suecos, apostam neste tipo de actividade náutica na ilha de São Miguel

• Passeios durante todo o ano

De Verão e de Inverno um passeio de mar sabe sempre bem, desde que o tempo ajude

• Vigias

São dois e asseguram a vigia às baleias e golfinhos na costa norte da ilha de São Miguel

• Semi rígidos

Os passeios são feitos regra geral de semi-rígido e são feitos na maior das seguranças -

• Preços

Não são altos e pela quantia de 45 euros por pessoa, há a possibilidade de avistar baleias e golfinhos

 

 

 

FICHA

• LUGAR

FUTURISMO WHALE WATCHING

• ACTIV1DADE

ESTUDO E OBSERVAÇÃO DE CETÂCEOS

• ÉPOCA

DIJRANTE TODO ANO

 

 

Educação ambiental

Face à indisponibilidade do DOP, a ‘Futurismo’ avançou com a reestruturação do projecto, e avançou com um outro apostando forte na educação ambiental, onde segundo Ruben Rodrigues «temos infraestruturas capazes de dar apoio às escolas do 1º ciclo e uma fase do secundário, permitindo a deslocação dos alunos a actividades de preservação ambiental»